“CENÁRIO ATUAL DO MERCADO DE SHOPPING E VAREJO NO BRASIL”
O varejo brasileiro está num momento muito particular de sua evolução. Há 5 anos atrás, um segmento importante do mercado consumidor conseguiu um maior acesso aos meios de comunicação, adquiriu um maior poder aquisitivo, e de certa forma conseguiu se inserir na economia de consumo, especialmente com o aumento da oferta de crédito e com o aumento das taxas de emprego, que permitiram que a chamada “Nova Classe C” viesse às compras.
O fomento do consumo, partindo dessa política de crédito, gerou uma demanda muito forte no mercado, impulsionando de forma muito positiva o mercado de varejo, e consequentemente, o mercado de Shopping Center também seguiu nesse vetor de crescimento, aumentando, também a oferta de empreendimento e de espaços comerciais destinados à expansão do varejo.
Tudo isso foi bem até 2012, quando a economia brasileira começou a mostrar suas fragilidades, e aquilo que era crédito se tornou dívida, e as taxas de endividamento do mercado consumidor começou a amargar percentuais muito preocupantes, chegando ao patamar de 65% da população economicamente ativa estar endividada de alguma forma, sendo que desses, 78% estavam endividados com cartão de crédito.
Assim, o mercado consumidor diminuiu seu poder de compra, obrigando os consumidores a escolher entre itens essenciais como alimentação, saúde, transporte e educação, sacrificando os bens de consumo.
Isso fez com que alguns especialista considerassem que houve um excesso de expansão do varejo e também dos Shopping Centers, afirmação que não concordamos de forma alguma, seja comparativamente a outros mercados vizinhos, seja também em relação ao número de empreendimentos que existem no Brasil, mas principalmente, não concordamos porque esse movimento do mercado consumidor, em verdade, demonstra um fenômeno de demanda reprimida, porque a intenção de compra, e mais precisamente, a necessidade de consumo dos brasileiros aumenta a cada dia, uma vez que já não se contentarão com o primeiro “smartphone” ou com o primeiro “tênis importado”, porque, agora descobriram o consumo e estão ávidos para desfrutar de outras experiências ainda melhores.
Assim, enquanto a economia não melhorar, e o dinheiro não voltar às mãos dos consumidores, dispondo de capital para gastar em bens de consumo, o varejo continuará sentindo certa dificuldade de crescimento, que, apesar de menor se comparada a outros períodos, ainda maior se comparada a outros mercados como o da indústria. Em razão da demanda reprimida, que diminui o movimento de consumo, há uma consequente diminuição da oferta do varejo, que não consegue encontrar saída para toda a sua produção, tendo que optar em diminuir custos, ou diminuir a operação ou diminuir a produção, e neste caso, os Shopping Centers também começam a sentir dificuldades para preencher os pontos comerciais disponíveis.
É uma relação causal bastante simples, o consumidor consome menos, o varejista vende menos, e o Shopping encontra um menor número de varejistas dispostos a expandir seus negócios. Isso pode ser preocupante a curto prazo, mas como esses movimentos são cíclicos, à medida que a demanda aumentar, o varejo volta a crescer, e o interesse de expandir os pontos comerciais também volta a crescer, impactando, novamente, de forma positiva, no crescimento dos Shopping Centers.
O mercado de Shopping e Varejo pode aproveitar esse momento de constrição para melhorar sua performance e eficiência, para criar novas e inovadoras soluções com o uso de tecnologias e soluções online, para intensificar seu relacionamento com os clientes e para oferecer serviços e produtos de qualidade, e, quando o ciclo virtuoso voltar, quem conseguir adotar essa agenda, conseguirá sair na frente e aproveitar a nova onda de crescimento que vier.
Michel Cutait
Contato: michel@makeitwork.com.br
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