O piloto sumiu! Os rumos, a confiança e a esperança no mercado de Shopping e Varejo.
Nos últimos dias, uma matéria produzida pela competente jornalista Marcia de Chiara do Estadão, divulgou que “Em empreendimentos inaugurados nos últimos três anos, porcentual de lojas ociosas chega a 45%, enquanto em centros comerciais mais antigos a taxa é de 9,1%; crise econômica e expansão descontrolada no setor levaram a essa situação.”.
Sobre a matéria gostaria de fazer um comentário, para tentar elucidar a questão de um ponto de vista mais pragmático. E, desde já, gostaria de afirmar que a sentença acima precisa ser revista na parte que afirma que uma das causas da vacância é a “expansão descontrolada do setor”, porque isso não é verdade sob muitos fundamentos, muitos deles que já cuidamos em outros artigos.
Basicamente o mercado de Shopping cresceu bastante nos últimos anos, principalmente, por causa da forte demanda brasileira. O mercado ainda é pequeno, sobra espaço para crescer, a a demanda está reprimida, como já discutimos antes, vide nosso artigo.
De qualquer forma, a matéria traz uma discussão importante.
Primeiro, apenas para rever os números da matéria, a Abrasce conta 538 Shopping Centers no Brasil, e não 498 como constou na reportagem. Só para pontuar que o segmento ainda é maior.
Se compararmos com os EUA, que tem 12.000 Shoppings, nós somos “bebês” em fase de crescimento. Há quase 100 mil lojas. Mais de 444 milhões de pessoas andam, frequentam e passeiam nos Shoppings brasileiros por mês. E somente os Shoppings, empregam mais de 1 milhão de pessoas.
É uma atividade muito importante para o Brasil, e para as pessoas. Por isso que é comum dizer que o mercado de Shopping e Varejo é um termômetro da economia, porque, de fato, é o mercado que mais demora para sentir os efeitos da desaceleração econômica, mas quando isso acontece, é sinal de que todo o setor produtivo, todo o resto da cadeia econômica já degringolou.
É alarmante.
As pessoas surfaram na onda do crédito fácil, e foram às compras. Mas ninguém ensinou planejamento financeiro, e hoje, há mais de 60% devendo na praça, com o nome no Serasa/SPC. Uma coisa é ganhar 30 mil, e dever 15 mil. A outra é ganhar 3.000 e dever 1.500.
O povo foi enganado com o consumo fácil. O mercado expandiu no mesmo tempo. E agora, que precisamos pagar as contas, o dinheiro se escondeu do mercado.
E a cadeia econômica é simples. O consumidor compra menos, o varejista vende menos, o produtor produz menos, há demissão em todos os segmentos, o que diminui ainda mais consumo, que interfere na expansão das lojas, que faz a oferta de espaços nos Shoppings ficarem maiores que a procura, que gera a situação que a matéria explicou de espaços vagos nos Shoppings.
Mas precisamos ser claros, porque a situação é meio escabrosa.
A oferta não está muito grande, nem a demanda foi satisfeita. Pelo contrário, a demanda em sim, ou seja, a necessidade das pessoas pelos serviços e produtos continua cada vez maior, ou alguém dúvida disso, que o brasileiro precisa de muitas coisas para começar a ter qualidade de vida?
O problema é que a demanda está reprimida, endividada e aturdida com as consequências econômicas das decisões políticas do passado.
E como poderíamos reverter esse quadro?
Não é uma resposta fácil, porque é uma questão endêmica, que envolve muitos aspectos, mas certamente, a solução passa pela retomada da confiança dos investidores de que haverá uma política econômica que favoreça a cadeia produtiva. Algo como: “Eu queira investir, mas como não confio, espero o melhor momento.”
E esse efeito acontece desde as grandes empresas ao cidadão com mais dificuldade.
Pois, podemos afirmar com certeza de que, saindo o governo atual, sem continuidade dessa política equivocada praticada até então, a confiança se restabelece, e a “roda da fortuna” volta a girar.
Há 200 milhões de pessoas no Brasil carentes de todo o tipo de produtos e serviços, e essa demanda, mais cedo ou mais tarde, vai encontrar uma oferta de qualidade. E é nosso papel lutar para que essa oferta melhore a cada dia.
Michel Cutait
Contato: michel@makeitwork.com.br
Últimos posts por Michel Cutait (exibir todos)
- Shopping Centers dentro de Estádios - 28 de outubro de 2021
- Cenário do Mercado de Shopping Centers em 2018 - 30 de agosto de 2018
- “STRIP MALLS NO MERCADO BRASILEIRO” - 17 de agosto de 2017