“FAZENDO UM SHOPPING CENTER MAIS VERDE”

Por Michel Cutait em 03 de fevereiro de 2016

4.1.1

 

O modelo de Shopping Center (e também dos pontos comerciais do varejo) está sofrendo diversas alterações, mudanças e inovações, tanto em termos de layout e arquitetura, design, tecnologia e comunicação visual.

Mas também há um outro elemento que está conquistando os clientes e consumidores, que é o uso do paisagismo, do verde, como elemento de diferenciação nos projetos dos Shopping Centers.

E o paisagismo pode ser considerado na fase de desenvolvimento de novos empreendimentos, como também depois que eles já foram construídos.

O estudo de viabilidade para o desenvolvimento de um empreendimento de Shopping Center leva em consideração diversos dados sociais, econômicos e urbanos, para que todos esses elementos indiquem qual o tipo de negócio deve ser instalado naquele lugar.

Da mesma forma, a atratividade do local onde será instalado o empreendimento ganhou um papel importante na decisão do empreendedor, especialmente porque, atualmente, o mercado consumidor está muito mais exigente e consegue perceber quando um determinado Shopping Center foi construído numa área mais bonita, agradável e que inspire momentos de lazer e encantamento.

Por essa razão, na tomada de decisão dos empreendedores, o local onde será instalado o Shopping Centers (e também as lojas), passa a ser um elemento determinante para oferecer ao projeto uma diferenciação em relação aos projetos existentes, à concorrência e também às expectativas do mercado consumidor.

Nos Shopping Centers já construídos é possível identificar três situações em relação à aplicação de elementos de paisagismo.

Nos antigos, os projetos não contemplavam projetos de paisagismo, ou, simplesmente, reputavam ao paisagismo um papel insignificante, e boa parte desses empreendimentos ainda não foram renovados nem reformados, mantendo o layout antigo, ultrapassado e com o paisagismo praticamente irrelevante.

Também há os empreendimentos que não foram concebidos com projetos de paisagismo, mas que perceberam a importância de acrescentar os elementos verdes, ambientais e paisagísticos dentro dos seus projetos, e passaram a investir em reformas e retrofit para que tais empreendimentos possam oferecer para os clientes e consumidores um espaço mais agradável, esteticamente mais bonito, e também ambientalmente sustentável.

E há a situação dos novos empreendimentos que tiveram tempo de identificar essa tendência, e já conceberam seus projetos com soluções paisagísticas, como jardins, lounges e espaços de interação que têm elementos verdes, apostando no paisagismo como um diferencial para atrair, agradar e encantar seus clientes.

O empreendedor brasileiro é bastante moderno na indústria de Shopping Centers, e costuma inovar bastante com sua criatividade e percepção das tendências dos consumidores.

Na questão do paisagismo e da arborização, essa tendência surge principalmente de empreendimentos americanos, isso porque, os Estados Unidos estão muito a frente no desenvolvimento, no tamanho e na relevância do mercado de Shopping Center e Varejo. Como os empreendimentos americanos são muito numerosos, praticamente 20 vezes mais numerosos que no Brasil, é normal que o desenvolvimento desse negócio encontre novas soluções antes do Brasil.

Os novos projetos de Shopping Center estão sendo incorporados às soluções urbanas, compreendendo um complexo de diversas atividades, que se complementam, chamados de projetos de multiuso ou projetos mistos, onde há um Shopping Center agregado a empreendimentos comerciais, empreendimentos residenciais, hoteleiros, espaços próprios para atividades de entretenimento e/ou centros de eventos.

Nesses projetos, o paisagismo costuma ser um diferencial, porque além de conciliar todos as utilidades dos projetos, também agregam esses elementos como características determinantes para conferir aos empreendimentos um poder de atração maior que a concorrência, além de oferecer para os consumidores um espaço muito mais agradável, bonito e surpreendente.

Há alguns projetos muito bonitos também nos países árabes e nos países orientais, especialmente Japão e China. Já na Europa, pela dificuldade que há com terrenos disponíveis, ao invés do paisagismo, os investimentos são muito bem alocados em reformas de imóveis ou prédios antigos, que recebem um “retrofit” e são totalmente remodelados, para se tornarem centros comerciais modernos e agradáveis.

Essas inovações mostram que a necessidade dos consumidores avança no tempo e no espaço.

Quando mais consciente o consumidor está quanto à oferta, quanto ao seu papel de consumidor e quanto às suas necessidades, mais ele percebe que um empreendimento do tipo Shopping Center precisa oferecer não somente um espaço de compras, mas um espaço de convivência, de lazer, de entretenimento, de serviços e de encantamento.

Em relação a essa aspiração do mercado consumidor, já não se pode nem distinguir os consumidores de baixo ou alto poder aquisitivo, porque ambos já reconhecem, desejam e esperam que um Shopping Center seja mais do que um prédio funcional, mas sim, um local onde possam encontrar uma estética bonita, um espaço bem cuidado, com soluções de paisagismo, com ambientes destinados à convivência, e com um apelo importante de design e atratividade.

É difícil estabelecer quando essa necessidade surgiu entre os consumidores brasileiros, mas certamente houve uma evolução dessa percepção de 2006 em diante, quando os novos consumidores da chamada Classe C aumentaram a base do mercado consumidor, e começaram a experimentar com mais vigor o consumo e as experiências do varejo e também dos Shopping Centers.

Há diversos reflexos positivos nos empreendimentos que apostam no paisagismo ou nas soluções de arborização, entre eles:

  • a valorização do imóvel;
  • a atratividade do empreendimento como um centro que agrega pessoas, consumidores e interesses da comunidade;
  • aumento do retorno financeiro dos investidores à medida em que tais empreendimentos são mais procurados do que outros;
  • incremento na oferta para os consumidores, que podem se beneficiar de espaços mais agradáveis, bonitos e sedutores, incrementando a fidelização e a admiração desses consumidores;
  • e também vantagens para o meio ambiente, uma vez que, entre as soluções de paisagismo, estão as soluções ambientais, com recursos, equipamentos, medidas e procedimentos que buscam a sustentabilidade na operação e administração de um Shopping Center.

O mercado de Shopping Center e varejo não para de crescer, e segue inovando e criando novas soluções para melhorar, incrementar e aperfeiçoar seus empreendimentos e negócios, incrementando e melhorando a estética dos empreendimentos, apostando e investindo na atratividade e conveniência dos serviços e introduzindo soluções, inovações e tecnologia para incentivar a sustentabilidade dos projetos.

Vale a pena deixar o Shopping Center cada vez mais verde. O consumidor se encanta e a natureza agradece.

Michel Cutait

Michel Cutait

Michel Cutait é especialista em Shopping Center e Varejo. Diretor da Make it Work, empresa especializada no desenvolvimento, planejamento, elaboração, produção, execução e administração de negócios para o mercado de Shopping Center e Varejo. Trabalha há 22 anos no mercado, tendo colaborado diretamente para mais de 100 empresas, incluindo 70 Shopping Centers e diversos varejistas, totalizando a gestão de ativos equivalente a US$ 5 bilhões em receita, 1,7 milhões m2 de Área Bruta Locável (ABL) e 11,2 mil lojas em operação. Além disso é advogado no Brasil e Portugal, escritor, perito, consultor e professor de cursos de extensão e pós-graduação em Shopping Center e Varejo, tendo ministrado aula para diversas Universidades como ESPM, Fundação Dom Cabral, Universidade Positivo e outras. Também apresenta palestras e realiza treinamentos sobre temas ligados ao mercado de Shopping Center e Varejo. Fez Mestrado em Gestão e Tecnologia na EPFL na Suiça, Marketing pela Curtin University na Austrália e Mestrado em Relações Sociais pela PUC/SP. Formado em Direito pela UNESP/SP. Certificado em Empreendedorismo em Varejo na Babson College em Boston/USA e Mercado de Ações pela BMF&Bovespa. Também estudou Doutorado em Ciências Jurídico-Economicas na Universidade de Lisboa em Portugal e MBA em Gestão de Shopping na FGV/SP. Administra e mantém o grupo "Shopping & Varejo" na rede de negócios do Linkedin.
Contato: michel@makeitwork.com.br
Michel Cutait

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